... seja em Beijing, Quingdao ou Shanghai,
se alguma razão inesperada lhe levou à China, você há de encontrar na carta de
um restaurante de estilo ocidental um Norton Torrontés ou um Norton Malbec
argentino elaborado pelas Bodegas Norton. Pois desde que o magnata austríaco
Gernot Langes-Swarowsky comprou a Norton, em 1989, mudanças drásticas
aconteceram na vinícola centenária em termos comerciais. Afinal de
contas, vinhos da Norton e cristais Swarowsky encontram-se em todo o mundo.
...o engenheiro Jean Pierre Thibaud,
portenho de ascendência francesa, tem um currículo notável que inclui uma
passagem pelo Banco Mundial, em Washington, e a posição de CEO da Chandon
Argentina. No fim dos anos 1990, já aposentado, fundou (com Jacques de
Montalambert) uma “bodega” com o nome inicial de Bacchus. Encantado, porém, com
a lenda indígena de uma moça araucana que se atrevera a mirar nos olhos de um
deus, deu a seus vinhos a marca “Ruca Malén” (a casa da moça), mais tarde
também o nome da vinícola. Pois se algo lhe fez chegar ao Canadá ou à Irlanda,
você há de encontrar por lá também um Malbec da Bodega Ruca Malén, com licença
da rima.
...e por falar em Chandon Argentina, é bem
possível que em sua próxima passagem pelo Caribe lhe seja servido na piscina do
hotel um Chandon Brut Nature elaborado em Mendoza. Não sei se a presidente da
Chandon Argentina ainda é Margareth Henriquez (Maggie). Mas sei que essa
venezuelana formada em Harvard, alta e graciosa, incorporou em Mendoza a
elegância associada ao nome Chandon. E com ela a abrangência na América Latina
e no Caribe.
... do Rio de Janeiro a Natal, RN,
passando por BH, Vitória e Salvador, mas também na Cidade do
México, em NY ou em Bruxelas você encontrará em restaurantes, lojas e
supermercados um Malbec ou um Cabernet Sauvignon da vinícola Otaviano Bodega y
Viñedos com a marca Penedo Borges. Empreendimento de cinco brasileiros em Luján
de Cuyo (pela marca, está claro que estou incluído) com o apoio do sócio
administrador mendocino Jorge Cahiza, a Otaviano vem se distinguindo nos seus
oito anos de existência pelos prêmios de qualidade e referências elogiosas
recebidos, em lugares tão diferentes e distantes como Londres, Finger Lakes,
Mendoza e Cidade do México.
Mas afinal, o que há de comum entre
Norton, Ruca Malén, Chandon Argentina e Otaviano? Todos são localizados na
chamada Zona Alta do Rio Mendoza, na província de Mendoza, Argentina, entre a
auto-estrada que sai da capital para o sul (Ruta 40) e a Cordilheira dos Andes.
Claro está que não estão sozinhas mas uma
lista seria infindável: Bodega Séptima, Viña Cobos, Las Perdices,
Melipal, Decero e assim por diante, todos querendo usufruir desse
extraordinário terroir, habitat ideal da Malbec, ali implantada há mais de um
século, e origem de alguns dos melhores Cabernet Suvignon, Syrah,
Chardonnay e Sauvignon Blanc argentinos, alguns com posição consolidada e
outros em plena ascensão no mercado vinícola internacional.
Deleite para os olhos tendo a Cordilheira
como pano de fundo, a área inclui as denominações Vistalba, Perdriel e Agrelo a
uma altitude de 1000 metros acima do nível do mar.
Ali os terrenos são de aluvião,
pedregosos, pouco férteis. Pouquíssima chuva (200 mm/ano) , verões quentes e
secos, amplitude térmica elevada (que chega a 20 graus centígrados no verão)
completam o quadro favorável ao desenvolvimeno de viníferas de alta qualidade.
Mas não é só uva e vinho. Turismo de
aventura, canoagem, esqui, montanhismo subida ao alto das montanhas até 4.000
metros com visita às incríveis barragens, incluindo a vista do Aconcágua, fazem
da Zona Alta do Rio Mendoza uma festa para os visitantes.
Será que estou exagerando? Bem, é
ver para crer.