“Terroir” (lê-se “terruár”) é a palavra francesa
para terra, terreno e, por extensão, para uma pequena região. No sentido
figurado, a expressão francesa “sentir le terroir” é perceber em um
produto – queijo, manteiga, vinho, azeite... - as qualidades ou defeitos atribuídos
a uma região ou a uma área limitada.
Quando se trata de vinho a palavra é bem abrangente.
Refere-se ao ambiente em que as uvas são cultivadas
incluindo o terreno e sua inclinação, o solo, o subsolo e a profundidade do
lençol freático, a existência de massas de água – rios, lagos mar - nas
proximidades, o regime de chuvas e padrões do clima em geral e do microclima
particular.
Quando a qualidade e o gosto é claramente originado
por esse conjunto de dados ambientais a ponto de poder ser identificado dizemos
que o vinho reflete o terroir.
Os vinhos brancos da uva Riesling são exemplos
excelentes nesse sentido: eles tendem a refletir
o local de cultivo, diferenciando-se com nitidez os Rieslings da Alsácia (França)
dos do Mosel (Alemanha) e esses do Clare
Valley (Austrália).
Ainda que não haja evidência científica para a
relação terroir versus gosto, ela se faz sentir em muitos casos como por
exemplo no mosaico da Borgonha.
Entra ano,
sai ano, o estilo do vinho de um mesmo terroir (Romanée, ...) se repete,
diferenciando-o de seus vizinhos (La Tache...) e levando a diferenças nos
preços, fenômeno facilmente verificável também entre um Montrachet e um Pouilly
Fuissé, ambos da Borgonha, 100% Chardonnay, porém de terroirs distintos.
No Loire, o Sauvignon Blanc de Sancerre sempre se
sai melhor e é mais caro do que o da Touraine ainda que a uva e a técnica sejam
as mesmas.
O conceito de terroir interessa particularmente
pela oportunidade que nos dá de apreciar a diferença entre um Cabernet de
Mendoza de outro da Serra Gaúcha ou um Pinot Noir do Oregon (USA) de outro de Central
Otago ( Nova Zelândia) que, não existindo,
nos daria uma sensação de “tudo igual”.
Tratando-se de vinho varietal teremos diferenças de
vinhos da mesma variedade em terroirs diferentes. Tratando-se de cortes de 3
uvas ou mais, os exemplares tendem a traduzir mais o terroir do que as uvas do
corte.
Além de tudo isoo, sempre teremos que pagar mais
por vinhos de terroir do que por
genéricos da mesma região, p. ex., pagar mais por um Margaux do que por um
Bordeaux genérico, mais por um Hermitage do que por um Côtes du Rhône genérico,
mais por um tinto do Vale dos Vinhedos do que por um tinto gaúcho inespecífico.
O que vamos pagar a mais é, em parte, o preço do
terroir. Conhecê-lo é uma boa idéia...